Campineiras
cantam obras de compositores locais
Cosmo - Diversão e Arte
Tiago Gonçalves
http://cosmo.uol.com.br/noticia/24199/2009-03-21/campineiras-cantam-obras-brde-compositores-locais.html
Taïs
apresentará seu álbum domingo (22), às 20h, em show no Teatro
Luís Otávio Burnier do Convivência
Na
voz delas, eles se realizam. Com a letra deles, elas arrancam
suspiros ou até assovios da plateia. Não há como desvencilhar
delas, as cantoras, a marca deles, os compositores. Antes
que a canção acabe, Taïs Reganelli reviveu em seu primeiro
álbum-solo músicas de compositores que vivem na cidade.
O mesmo se passou com Helena Porto ao compor o seu A cidade
e seus compositores. Helena, que começou a vida artística
na noite do Cambuí, celebrou o lançamento de seu trabalho
no começo do mês no Sesc-Campinas, já Taïs apresentará seu
álbum domingo (22), às 20h, em show no Teatro Luís Otávio
Burnier do Centro de Convivência. Ao escutar o som das duas,
dá até aquele ímpeto de correr e pegar o CD para descobrir
quem é o autor daquela letra, ora recheada de metáforas
ora dotada da simplicidade de uma oração.
A
ousadia de gravar um CD-solo vem de três anos. Antes disso,
Taïs Reganelli tinha apenas se aventurado nos estúdios ao
lado do irmão, Henrique Torres, com quem faz um duo. Da
parceria dos dois nasceu MPB & Companhias, em duas versões.
“Gravamos o CD e depois de um tempo o lançamos com capa
nova e mais algumas canções ao vivo”, explica a cantora.
Apesar da experiência, ela precisava cantar sozinha. Buscava
uma identidade própria. “Tinha muita coisa que eu queria
gravar e que não batia com o gosto dele”, conta. A vontade
acalentada de assinar um álbum independente aflorou-se no
dia em que Taïs leu uma reportagem do compositor Luiz Tatit.
Na revista, o músico dava um puxão de orelha na produção
musical brasileira. Dizia algo parecido: ‘Ninguém faz mais
canção!’. Na mesma hora Taïs respondeu ao papel: “Tem muita
gente que ainda faz. Eu sou uma delas”, diz com o mesmo
entusiasmo daquela ocasião. O nome do álbum, uma alusão
à faixa 2, reforça a proposta de Taïs: Antes que a canção
acabe.
Entrou
no Estúdio Síncopa, no começo do ano, com o repertório na
ponta da língua. Na lista de canções, músicas de amigos,
além de parcerias antigas e novas. Levou seis meses para
gravar tudo. A aparente demora se deu ao fato de ilustres
convidados: baterista Carlos Bala (fez fama ao tocar com
Djavan, Chico Buarque, Caetano Veloso, entre outros), João
Lenhari (trompetista de Roberto Carlos), Babi Bergami (baterista
do grupo português Madredeus), Dante Ozetti (cantor e compositor
vencedor de prêmios, como Visa e Sharp) e do maestro Laercio
de Freitas. Mesmo com tantas participações, entre elas a
de Henrique, o disco saiu com a cara de Taïs. “Consegui
expressar tudo aquilo que queria de forma integral, afinal,
participei de todo o processo, da gravação até a parte burocrática”.
A
contribuição deles está na faixa que abre o disco: Agora
Jaz, um jazz de Zé Siqueira. A canção é uma homenagem do
compositor à irmã, também criadora de versos: Fernanda Dias,
parceira de Taïs. Segue com Antes que o verão acabe, de
Nando Freitas, que a cantora sempre quis gravar. “A letra
trata do recomeço de um amor. Por exemplo, quando ele diz:
‘Vira o colchão pra recomeçar...’”. O nome de Nando aparece
em outras faixas: a valsa Uma canção só (pra você), Valsa
dois copos, Dueto do encontro e Noites em Sevilha, uma canção
com a levada espanhola do flamenco. “Esta faixa conta com
a participação do grupo Café Tablao, que faz as palmas,
e da bailarina Karina Maganha, que executa o sapateado.
Eles vão estar no lançamento”. Há ainda parceria dele com
ela, como Ambíguo, Quando e Gamim, versão em francês feita
por Guilherme Carvalho de Menino (canção gravada no álbum
dos irmãos).
Em
Antes que a canção acabe há também sambas. Um dos gravados
é Parangolé do Samba, de Fábio Sampaio, Rodrigo Sencial
e Silo Sotil. “É um samba elegante e classudo que, quando
o Silo me passou, eu disse: ‘Vou ter que gravar’”, lembra.
As parcerias com Fernanda Dias estão estampadas em Busca
(“que tem uma batida de música eletrônica e diz respeito
às pessoas que sempre buscam alguma coisa”) e Um Dia, que
também tem o dedo de Fausto Nascimento. Os ingressos para
o lançamento do disco estão à venda na bilheteria do Convivência
(3232-4168) por R$ 15, R$ 10 (antecipados) e R$ 7, 50. Quem
quiser levar a voz de Taïs para casa terá que desembolsar
R$ 20 para comprar o CD, também vendido no site www.taisreganelli.com.br.
Ouviu
200 canções para escolher 10
Do
seu apartamento, nas proximidades da Coronel Quirino, no
Cambuí, Helena Porto apurou os ouvidos para encontrar talentos
da música campineira. Colecionou 200 canções, de inúmeros
compositores da cidade, mas precisou destacar apenas dez.
Mais tarde, elas acabaram por se tornar as faixas de seu
primeiro CD, o Helena Porto — a cidade e seus compositores.
Lançado no Sesc-Campinas no dia 6 de março, o álbum contou
com o patrocínio da edição 2007 do FICC (Fundo de Investimentos
Culturais de Campinas). Não foi tão fácil escolher as canções,
até porque, como destaca a intérprete, a safra que chegou
às suas mãos foi a das melhores. “Queria algo que fosse
a minha cara, que se faz presente na bossa nova, gênero
que comecei a tocar na noite, e alguma coisa de pop, que
faço atualmente”, frisa o critério de escolha.
O
álbum é aberto com Trecheiros, uma canção de Zé Siqueira
e Silo Sotil com uma pegada de baião. Canta a trajetória
de um retirante que vem para a cidade grande, além de mostrar
suas angústias. “É um estilo de canção que gosto muito,
porque resume numa letra de música uma história com começo,
meio e fim, bem típica de Milton Nascimento e Fátima Guedes”.
A dupla ainda assina Lume e Zé Siqueira mostra todo seu
manejo com as palavras e melodias também em Quero-Quero,
um samba-funk (como define a cantora) em parceria com Fábio
Sampaio. O toque na mineirice de Milton, aliado ao vocalize
sereno e quase religioso de Helena, é marca de Borda de
Lenço, do pianista-compositor Marcelo Onofri. “Esta canção
faz uma analogia do tempo e do vento, que se traduzem no
canto”, avalia Helena, enquanto cantarola um trechinho da
canção: “...Melhor ainda é o canto, porque este carrega
o vento...”.
De
Rodrigo Duarte, um dos queridinhos da cantora, o ouvinte
apreciará Nossos Altares (“que faz uma reverência ao amor”,
diz), Amor de Lã (“amo de paixão esta música. Descreve o
ato de amar”) e Vestidos ( “uma canção que conta a vida
de uma mulher de 30 anos que ainda sonha com príncipe encantado”),
com Pedro Marques. Aliás, o sentimento é marca registrada,
tanto do compositor quanto da cantora. “Toda vez que ele
se apaixona, consegue escrever uma linda canção”. Há ainda
espaço para Caixas Lacradas, de Fernanda Dias e Tatiana
Rocha; o samba Porta-Bandeira, de Bruno Mangueira e Eduardo
Klébis, e Rebusquê, de Nando Freitas. Das dez faixas, nove
canções foram arranjadas por Fernando Baeta, apenas Amor
de Lã traz a marca de Albano Sales. O álbum pode ser adquirido
por R$ 25 pelo e-mail: helenaportompb@yahoo.com.br.
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